Porque será que as artérias viáveis mais antigas são mais estreitas e profundas, mais sinuosas e de acordo com a morfologia do terreno?
São , não são?
Com base nisso, se olharmos de cima uma cidade (por exemplo de satélite ) até podemos dar-lhe valor cronológico.
Por graça e usando uma linguagem metafórica podemos dizer que as ruas, vias e artérias, azinhagas e estradas militares, são as rugas do seu rosto.......As RUGAS do rosto da Cidade (sorriso!)
Vamos pensar em conjunto um bocado…
Como imaginamos as cidades, como qualquer organismo vivo, crescem e desenvolvem-se também com o tempo.É o tempo que as caracteriza e lhes dá significado e estrutura.
Uma cidade que é também o resultado das idiossincrasias, demonstração simbólica das diferentes comunidades que a ocuparam e transformaram o seu território, que a estruturaram, desfrutaram e quiseram demonstrar o seu poder e propósitos.
Todos os caminhos do passado continuam a ser estruturantes em relação ao nosso presente, sobretudo para nós ciclistas.
A escolha do local da nossa cidade, como de qualquer outra, tem sempre por base pontos de água, a principal fonte de vida.
Lisboa era um local fértil, de rios e ribeiras (estão quase todos encanados, outros desapareceram) e com nascentes que eram suficientes para os seus primeiros habitantes.
Nos pontos altos as pessoas protegiam se e “emuralhavam-se”…
Temos a primeira cerca, a Moura, que se presume seja um restauro da primeira cerca Romana.
Depois para protecção da população e dos conventos que cresceram e se instalaram fora dessas muralhas, construiu-se, com a ajuda dos conventos, a chamada cerca Fernandina (no Reinado de D. Fernando).
Nos pontos baixos, nomeadamente os vales, por naturalmente serem mais ricas as suas terras, surgem as hortas, que fornecem parte dos bens à cidade.
Era um processo diário e daí nascem as principais vias de acesso à cidade.
Em todas a épocas se foram adaptando novos acessos à cidade.
Hoje temos as CRIL, CREL, Eixo Norte Sul, IC18, 19, A1, A2… que todos conhecemos bem e que são o mais rápido acesso ao engarrafamento... eh! eh! eh!
Abaixo vamos continuar a falar das vias antigas, aquelas em que, como já referimos, nós ciclistas temos conforto, prazer e segurança em percorrer.
Devo dizer que procuro sempre andar nas vias mais antigas, incluindo algumas vias classificadas como azinhagas, nas estradas militares ou nas primitivas saídas (ou entradas-depende!) de Lisboa.
É muito engraçado porque essas grandes vias primitivas de saída e entrada Medievais encontram-se quase sempre paralelas às actuais zonas de circulação urbana (da época após Duarte Pacheco).
Regueirão dos Anjos, paralela à Almirante Reis, ou Rua de são José, paralela à Av. da Liberdade…
Mas a uma cota de nível inferior, tipo achado arqueológico... São assim como rios estreitos, ...as tais rugas!
Tornem a observar de cima, caros ciclistas Urbanos.
As primeiras artérias de entrada e saída para abastecimento de uma cidade são sem duvida as mais importantes.
Marcaram e definiram o crescimento urbano.
Primeiro de um modo quase espontâneo, depois com os vários e diferentes planos (Bairro Alto, Baixa pós terramoto, Duarte Pacheco, entre outros).
Sabiam que o desejo de ter uma casa no campo por todos os que vivem na cidade já é muito antigo? (Basta ler os Maias) …Mas começou com os Reis e estes deram o exemplo.
E sabiam que os Reis tinham sempre palácios fora de portas, e que ao usar as principais vias de acesso ao centro (onde estava a residência oficial e Reinavam) tinham por habito tornar esses seus percursos um espetáculo de grande valor cénico?
E que assim arrastavam atrás de si, na construção desses palácios fora de portas, toda a nobreza?
O primeiro destes palácios foi Santos o Velho e foi usado desde D. Afonso Henriques até D. Sebastião.
O Palácio do Calvário, construído por Filipe I de Portugal, foi habitação de campo até aos reis da quarta dinastia. E a partir de D. João V o palácio de entrada é Belém…
O rei D. Manuel deixou de ser um rei cortezão ao deslocar-se para baixo, junto à ribeira, e passou a ser conhecido como o rei da Pimenta.
No tempo dos Filipes os serviços administrativos, Corte e Chefes Militares, residiam no Castelo de São Jorge.
Depois do terramoto a Corte passou para a Ajuda.
O estabelecimento da dinastia de Bragança, após a Restauração, exigiu que a grande nobreza (muitos vindos da Província) tivesse uma morada junto da corte.
Só no século XVII foram construidos 18 palácios que respeitaram a malha do quarteirão.
Desprovidos de grandes jardins, com exterior discreto, o portal transformou-se no elemento mais significativo.
Epa , eu não sabia que existem em Lisboa 31 Palácios e 65 conventos!
A investigar para este texto o que descobri também?
Então…que por exemplo...
- Que Filipe I de Portugal e II de Espanha, queria fazer um Escorial em Lisboa quando imaginou Lisboa como um futuro grande Porto do novo país unido, formado por Portugal e Castela.
- E que a videoteca de Lisboa eram as antigas cavalariças do Palácio do Calvário (1590) no Largo das Fontainhas
- E que um convento mandado construir por Filipe I, apesar de ser metade do projecto inicial, possui as mesmas janelas que o numero dos dias do ano.
E porquê h+a tantos conventos? E qual a diferença entre conventos para homens ou mulheres?
Será que os conventos de frades e freiras são diferentes só por albergarem sexos diferentes?
Sobretudo nos Sécs. XVI e XVII, na nobreza, o filho varão recebia os títulos e as propriedades, os outros ou se dedicavam às armas - neste caso os mais destros e aptos - ou ingressavam num convento e tinham uma missão cultural e religiosa a cumprir.
As meninas, ( investiguei!) , ou faziam um bom casamento ou, ficando solteiras, transformavam-se naquela época num fardo, daí as grandes casas criarem os conventos femininos...
Será só assim?
Parece-nos claro que também havia o fervor da fé e o apelo às boas virtudes, através das orações e da clausura,
A via de Horta Navia era uma das principais vias de entrada e saída da cidade, iniciava-se mais especificamente à porta do Ferro junto à Sé, e integra no tecido urbano os bairros da Bica, Esperança, Mocambo, e Alcântara.
O nome desta via surge da Quinta de Horta Navia, que segundo os olissipógrafos se situava nas margens da ribeira de Alcântara, e que se pensa abastecia as embarcações da época de frutas e legumes.
Esta via passou a ser usada pelo rei para a tal entrada cénica na cidade.
Outras vias de entrada e saída da cidade existiram e ainda lá estão…
E nota se que é uma saida e entrada Real...
Não ? Então olha com atenção,,,,,,Usei - a muito nos meus passeios culturais por Lx
Bom dia ou Boa Noite
E33
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