Gnoseologia e Idiossincrasias de um ciclista urbano (Parte II )

Epa...Lês- te a crónica anterior..?
... Desculpe... leu
.... Gnoseologia e Idiossincrasias de um ciclista urbano (Parte I )? :)


TRIANGULAÇÕES!
Se anda lento e pensa que numa bicicleta não faz triangulações constantes e alternadas nas 3 dimensões, em que o equilíbrio se compensa no desequilibro, é porque de facto tem consciência do movimento mas não do método.

Mas não anda nos mono-ciclos nem nunca subiu a umas antas. Uff! que vertigem!... Em cima delas é como andar. Está sempre a fazer o mesmo jogo! Equilíbrio, desequilibro... Porque caso contrario nunca avançaríamos, acabávamos por cair.

Na bicicleta a tensão e a diferença entre o equilíbrio e o desequilibro são mais acentuadas.
Os meus professores de artes circenses convenceram-me que qualquer pessoa, se treinar, anda num fio. Consegue e passa de um ponto ao outro mesmo com um abismo por baixo.
O abismo não conta para o factor destreza, mas sim para nos condicionar através do medo, tal como o receio nos pode impedir de sair à rua com uma bicicleta.

Todos sabemos que para pedalar só temos que deixar de ter o medo tal como quando começamos a aprender a andar. E todos sabemos que é difícil, acaba por ser um atirarmo-nos para o vazio em desequilibro para depois procurarmos a compensação, da estabilidade momentânea no equilíbrio, para logo de seguida vir de novo o desequilíbrio e por ai fora... O movimento no espaço e no tempo.

QUADRO e TRIANGULAÇÕES!
Andar é de facto complexo... Como tentei convencer-vos... Querem refletir?...
Se andar a pé é difícil, agora juntem lhe um objecto com duas rodas, um selim, dois pedais e um guiador com dois pontos de agarrar... E claro, um quadro em forma de triângulo! ...Difícil!, não é?

A bicla não é só para andar em linha recta pisando ora num pedal ora no outro e, com a ajuda das mãos, manter a direcção. Nada disso.
A não ser quando já está embalado e a deixa ir na progressão simples das rodas dos rolamentos do cubo (cubo? ...o seu mecânico irá ter prazer em explicar-lhe!) ...massa e velocidade.
Observe um "sprinter" numa final de corrida de bicicleta... Ali está em caricatura, em exagero de facto, mas sempre que pedalamos mesmo pensando que não fazemos nada daquilo, estamos a executar triangulações. Minúsculas é certo, mas triangulações...
Conto sempre 3 pontos essenciais no espaço, onde os pontos seguros e de pressão se vão alternando. Se uma mão agarra a ponta do guiador do lado direito, por exemplo, um dos pés está a pressionar num outro ponto no lado contrario! (no esquerdo). Repare, se tivéssemos a pressão do mesmo lado, o que não aconteceria? Tralho. Certo...?

Agora necessitávamos de uns desenhos ou de uma maqueta para uma melhor compreensão da teoria...

Talvez se investigar na Net... Ou melhor... Basta olhar e reflectir. Ou fazer uma composição digital de variações "estroboscópicas" da sua bicicleta enquanto anda ! (sorriso!)

Só há dois tipos de ciclista... E no meio só a passagem de um ao outro... O lento e o rápido...(Parece que não e já mo provaram - o ponto intermédio fica para outra crónica!)
O que mexe o corpo e que é elástico como um gato VERSUS o ciclista de pau! (o que sua e o que não transpira nem um pingo – veja “Perfume e pedais”)
Se anda pouco a sua condução é perigosa, tirará prazer da observação mas não da velocidade e do intrínseco perigo... Mas pode sempre passear-se com aspecto muito chique.

Mas se já começou muito lento há muitos e muitos anos e se já fez km e km e até já nem tem pachorra para ler divagações loucas como as de hoje...!
É então um ciclista rápido que até pode encontrar o prazer nesses loucos alleycats, e que de casa ao emprego ou ao encontro com os amigos demora menos que qualquer transporte, desde que seja no perímetro da nossa cidade de Lisboa, evidentemente...
É um ciclista que observa pouco a envolvente, mas sente-a, bem como a adrenalina inerente ao perigo e à velocidade!
CONCLUINDO. Há os que não se atrapalham com as triangulações e os desequilíbrios porque os compensam e multiplicam, e outros que só realizam micro triangulações com pavor ao desequilibro!

Não sejamos QUADRADOS ou REDONDOS mas submetidos ao dinamismo instável do TRIÂNGULO! Sempre e em toda a parte as triangulações reforçam a estrutura e aguentam-na, como é o caso das pontes e das estruturas complexas da arquitectura.

E LEMBRE-SE: ESQUEÇA a teoria do triângulo mas concentre-se quando faz tangentes em portas estacionadas ou nos túneis dos "cogumelos metálicos" parados no para-arranca, naquele ponto composto que une um punho do guiador, os dedos de uma das mãos e a maneta do travão... COM OU SEM LUVAS!

Os tais pontos do inicio deste longo texto... Ah! conseguiram chegar mais uma vez até aqui sem pestanejar? : ) e ainda desejam andar de bicla? ... : )



1, 2, 3,....1, 2, 3,........1, 2, 3,........não concordou em nada... conteste-nos :)



Obs: Se leu até ao fim não vai de certeza pedalar melhor, mas se não ficou confuso estará também  mais consciente do que vai fazer quando pedelar!

Haverá melhor prof. que nós para nos ensinar a pedalar com segurança e consistência?

Pretendi deambular por alguma génese e alguns arquétipos do ciclista e da sua prática. Espero que os mais eruditos que eu não se ofendam, porque de facto as muitas horas que levo a pedalar inibiram-me de executar as investigações necessárias para concretizar de modo cientifico as minhas intuições.
...E já está...
FIM :)


PEDALADAS FELIZES, rápidas e "trianguladas".

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