Trip pelos Limites


Conheces os Limites de Lisboa?_ E os teus Limites
( vamos marcar data)

Pelos Limite de Lisboa é um convite para uma viagem de bicicleta 
de aproximadamente 58 km e a uma reflexão pelas diversas características suburbanas, sociais e periféricas, na margem administrativa e geográfica da cidade de Lisboa. E claro, sem esquecer a purga física e emocional que o pedalar por uma vasta extensão de kms pressupõe!
Mas não é cansativo porque o percurso é quase plano... O tempo no selim é que será o principal fator de desgaste.
Desafiamos todos os amigos, os muito aptos fisicamente e os outros. Estes que se esforcem e se cansem muito, de modo a no outro dia não se mexerem de dores musculares!
Lembramos que vamos parar a meio e reabastecer

Para os duros do pedal sugerimos que tenham paciência, que acompanhem os colegas e se divirtam com o convívio entre ciclistas, e que estejam atentos aos detalhes da viagem que os arquitetos e os criativos Gráficos desenharam para si.



PROPÓSITOS:

Riscámos um mapa de navegação tendo como base, não um tema ou temas culturais, mas uma linha que atravessa várias estéticas, desenvolvimentos descaracterizados, ou os institucionalizados, e perceber como ela se integra no seu todo

Neste percurso vamos perceber que os limites físicos por vezes estão para alem do limite de aceitação de certas idiossincrasias que a urbanística permitiu!

Propomos navegar para perceber os vários aspetos cíclicos da Cidade, ou melhor bicicletar para nos afogarmos nas diversas tempestades das muitas correntes do inevitável trio: Social, Económico e Político, e que teimam em fustigar-nos na estrutura urbana da nossa digna "civitas".,,,olhar a organização ou a desorganização espacial, o espaço de certeza, de glória e até de decadência, depois da queda do império e do renascimento.

Vamos ficar de fora do sistemas defensivos da Cerca Moura e da Muralha Fernandina, e das diversas estruturas que se criaram e se desenvolveram no tempo, embora comecemos o passeio no centro Simbólico do Iluminismo da cidade de Pombal.

O percurso anda no limite de Lisboa como linha administrativa. E desejamos perceber a cidade, não como um postal turístico que sempre nós Portugueses gostamos de vender a quem nos deseja visitar.

Pretendemos decifrar o seu todo e até os conceitos de sub-urbanidade periférica.

Recordamos aos desinteressados por História, que na cidade antiga, no denominado núcleo Histórico, a estrutura e vias de circulação eram baseadas na besta e na carroça... O primeiro automóvel chega a Lisboa em 1895...

Com a introdução progressiva do automóvel na cidade a metrópole adapta-se e submete-se ás vicissitudes do automóvel, e dos seus movimentos pendulares e ocasionais entre centro e periferia... Vamos sentir isso no corpinho! :)
Sugerimos sair do Cais das Colunas em direção a Norte ou Sul ( há as duas opções).

Afastamos-nos assim da cidade total do Iluminismo, da cidade ideal do Renascimento, passamos na cidade Industrial onde a linha férrea do Norte tem um papel preponderante, e perceberemos a derivada progressista do Higienista oitocentista. Mais para a frente cruzaremos laivos da cidade Fordista, do Urbanismo Moderno.
Mas, claro, e como comenta Ignasi Solá-Morales, "a realidade urbana já não se pode ver como um todo unitário mas, antes pelo contrario, como algo que nos aparece como a justaposição de estratos diversos".
E vamos, isso também, perceber no terreno... (piscadela de olho!)



ENTÃO UM POUCO DE HISTÓRIA:


Não foi de propósito que a compreensão das rotas tradicionais dos acessos à cidade registados em meados do século XIX por Filipe Folque e observados no passeio “Por Quintas, Palácios e Conventos” fosse antes deste.

Quem foi a esse passeio irá mais facilmente perceber que a cidade em 150 anos teve um desenvolvimento exponencial e exorbitante, e que de facto o aperfeiçoamento da mobilidade, qualquer que seja a sua forma, caracterizara e transforma os modelos espaciais no percurso temporal, e cria modos de representação, uso e utilização dos espaços onde se encena a vida social.
Não temos a pretensão de uma analise antropológica, social, urbanística ou de gestão do território, mas tão só a visão das estruturas que suportam a atual rede urbana da cidade e consequente ação coletiva da sociedade civil... Sociedade Civil... Gosto particularmente deste novo termo para dizer população em geral!

Será que são as heterogeneidades culturais que nos dispersam? E que os elementos de cultura homogénea tendem a partilhar o mesmo espaço e que quando se tenta misturar, para evitar guetos, dá buraco? Sabemos que polos importantes (um tribunal, um palácio de congressos ou de desporto, uma escola) dignificam um espaço e criam compromissos de coexistência permitindo novas vivências e espaços partilhados.
De meio do século passado a urbanística moderna tentou isso no terreno!
Sabemos que os modos de vida criados e os novos meios tecnológicos geraram uma grande dissociação entre o espaço de criação, de referencia, e o espaço da vida quotidiana.



E  MISTURAR  A  ANALISE  SOCIOLÓGICA ?


A nossa apreciação de um lugar e a da sua escolha é inevitavelmente derivada da cultura do sujeito e do seu poder aquisitivo. Algum défice de um dos dois destes elementos pode criar dissonâncias. E elas aparecem...Há sem duvida uma dialética muito sentida entre as normas sociais e as estruturas morfológicas dos lugares, dai os espaços urbanos saírem caracterizados e criarem um vasto leque de diferenças espaciais.

Redescobrir o fluxo comercial entre a periferia e o resto do território e o resto do mundo.
Vamos, pelos limites administrativos, descobrir a identidade da cidade e os vários processos que sofreu, desde a exploração das hortas agricultas até à ocupação industrial, e por moradias e bairros desenhados na mesa do arquiteto mas cuja identidade quase que ainda tem o carimbo da estigmatização!

Dos clandestinos que quase foram erradicados só sobram as descaracterizações que as soluções emergentes não souberam sarar!
Haverá a representação dos limites administrativos? Ou ela sente-se na dissonância e na incerteza do urbano ou do rural!

O desejo do controle publico para uma cidade legal e regulamentada e o seu gigante burocrático de décadas passadas, somado à disseminação territorial propiciada pelas infraestruturas viárias, pelo crescimento vertiginoso de rápidos sistemas de circulação, e pelos respetivos processos de transporte, criaram uma espontaneidade irracional e as mais díspares soluções apareceram, ofuscando a paisagem de uma cidade esquecida que agora se tenta aguarelar de prestigio.

A cidade clandestina dos anos 50 deixou sem duvida muitas cicatrizes que as operações plásticas não conseguem esconder!
Quem são os habitantes dessas coroas urbanas? Serão os trabalhadores que se pretendia que viessem em êxodo rural para satisfazer as necessidades de um sector industrial e tecnológico nascido das novas emergências?

Há ainda o esvaziamento de certas funções em áreas tradicionais da cidade, mas ai não vamos!
Enquanto há uns anos, antes da atuação sábia da nova Edilidade Camarária presidida por Costa, os centros se esvaziaram ou "terciarizaram", uma nova cidade híbrida e indiferenciada emergiu nos seus limites, estruturada pelas redes de circulação e de transportes. Uma rede fora da escala humana e daí a nossa grande dificuldade em desenhar um percurso periférico e seguro para a bicicleta.
Então...



DESAFIO:

desafio é descobrir vazios e emergências, tropeçar em composições espaciais e quase cair em guetos, para descobrir também que Lx afinal é pequena, quase que a abraçamos.
Perceber a organização urbana, a estruturação formal e informal e o desenrolar dos diversos palcos e dos vários estratos da composição geográfica e humana.
Não penetrando ou convivendo mas "razando" e respirando a superfície onde convive um vasto leque de relações e de atividades, onde os "entornos" espaçais são palco.

Será que desta viagem podemos tirar conclusões?
Será que vamos perceber as razões do autismo de quem diariamente a atravessa sempre pelo mesmo percurso, sempre com um tempo semelhante, e SEMPRE com características análogas?

O elevado grau de liberdade na cidade, em conjunto com todos os elementos que a compõem, para alem das diferentes escalas do espaço morfológico e social, criam padrões de vida e de sociedade que escapam à teses e à programação sistematizada do urbanista e demais eruditas.

A cidade e a vida na cidade sabemos que criam projeções simbólicas associadas a ícones que exprimem e definem a nossa historia pessoal e coletiva.
"Não queremos uma cidade onde não existem ou provavelmente nunca existiram memorias ou sedimentações do tempo e deambulamos como pessoas de ponte e túneis sempre guiados pelo espartilho de suportes infraestruturais!" ...Como diz Rem Koolhaas...

Queremos uma cidade lúcida, determinada e com memorias, não será?



RESUMINDO:


É um passeio de bicicleta longo mas quase plano.
Durante a manhã e parte da tarde, com almoço depois do meio no “Parreirinha de Carnide”.
Neste percurso procura-se a descoberta das periferias e dos limites geográficos de Lisboa.
Lisboa é muito vasta mas finita.
Iremos encontrar a "DesUrbanização dos Propugnadores das auto-estradas / Rachar-Cidades", mas isso é só numa pequena extensão cerca Portas de Benfica... Depois é descer suavemente ao Tejo por locais secretos e seguros... (não revelamos o segredo!)
 E desfrutar toda a eloquência da cidade até ao Terreiro do Paço como todos os ciclistas de fim de semana prezam fazer... E bem... eh! eh!

Fica assim concluída uma circunvalação por imagens do LIMITE da cidade que desconfiamos nunca imaginou!

DATA DO PASSEIO ?   ( a combinar)

Eliseu33






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