Conheces os Limites de Lisboa?_ E os teus Limites
Pelos Limite de Lisboa é um convite para uma viagem de bicicleta
de aproximadamente 58 km e a uma reflexão pelas diversas características suburbanas, sociais e periféricas, na margem administrativa e geográfica da cidade de Lisboa. E claro, sem esquecer a purga física e emocional que o pedalar por uma vasta extensão de kms pressupõe!
Desafiamos todos os amigos, os muito aptos fisicamente e os outros. Estes que se esforcem e se cansem muito, de modo a no outro dia não se mexerem de dores musculares!
Lembramos que vamos parar a meio e reabastecer
Para os duros do pedal sugerimos que tenham paciência, que acompanhem os colegas e se divirtam com o convívio entre ciclistas, e que estejam atentos aos detalhes da viagem que os arquitetos e os criativos Gráficos desenharam para si.
PROPÓSITOS:
Riscámos um mapa de navegação tendo como base, não um tema ou temas culturais, mas uma linha que atravessa várias estéticas, desenvolvimentos descaracterizados, ou os institucionalizados, e perceber como ela se integra no seu todo
Neste percurso vamos perceber que os limites físicos por vezes estão para alem do limite de aceitação de certas idiossincrasias que a urbanística permitiu!
Vamos ficar de fora do sistemas defensivos da Cerca Moura e da Muralha Fernandina, e das diversas estruturas que se criaram e se desenvolveram no tempo, embora comecemos o passeio no centro Simbólico do Iluminismo da cidade de Pombal.
Pretendemos decifrar o seu todo e até os conceitos de sub-urbanidade periférica.
Recordamos aos desinteressados por História, que na cidade antiga, no denominado núcleo Histórico, a estrutura e vias de circulação eram baseadas na besta e na carroça... O primeiro automóvel chega a Lisboa em 1895...
Sugerimos sair do Cais das Colunas em direção a Norte ou Sul ( há as duas opções).
Afastamos-nos assim da cidade total do Iluminismo, da cidade ideal do Renascimento, passamos na cidade Industrial onde a linha férrea do Norte tem um papel preponderante, e perceberemos a derivada progressista do Higienista oitocentista. Mais para a frente cruzaremos laivos da cidade Fordista, do Urbanismo Moderno.
Mas, claro, e como comenta Ignasi Solá-Morales, "a realidade urbana já não se pode ver como um todo unitário mas, antes pelo contrario, como algo que nos aparece como a justaposição de estratos diversos".
E vamos, isso também, perceber no terreno... (piscadela de olho!)
ENTÃO UM POUCO DE HISTÓRIA:
Quem foi a esse passeio irá mais facilmente perceber que a cidade em 150 anos teve um desenvolvimento exponencial e exorbitante, e que de facto o aperfeiçoamento da mobilidade, qualquer que seja a sua forma, caracterizara e transforma os modelos espaciais no percurso temporal, e cria modos de representação, uso e utilização dos espaços onde se encena a vida social.
Não temos a pretensão de uma analise antropológica, social, urbanística ou de gestão do território, mas tão só a visão das estruturas que suportam a atual rede urbana da cidade e consequente ação coletiva da sociedade civil... Sociedade Civil... Gosto particularmente deste novo termo para dizer população em geral!
De meio do século passado a urbanística moderna tentou isso no terreno!
Sabemos que os modos de vida criados e os novos meios tecnológicos geraram uma grande dissociação entre o espaço de criação, de referencia, e o espaço da vida quotidiana.
E MISTURAR A ANALISE SOCIOLÓGICA ?
Redescobrir o fluxo comercial entre a periferia e o resto do território e o resto do mundo.
Vamos, pelos limites administrativos, descobrir a identidade da cidade e os vários processos que sofreu, desde a exploração das hortas agricultas até à ocupação industrial, e por moradias e bairros desenhados na mesa do arquiteto mas cuja identidade quase que ainda tem o carimbo da estigmatização!
Haverá a representação dos limites administrativos? Ou ela sente-se na dissonância e na incerteza do urbano ou do rural!
O desejo do controle publico para uma cidade legal e regulamentada e o seu gigante burocrático de décadas passadas, somado à disseminação territorial propiciada pelas infraestruturas viárias, pelo crescimento vertiginoso de rápidos sistemas de circulação, e pelos respetivos processos de transporte, criaram uma espontaneidade irracional e as mais díspares soluções apareceram, ofuscando a paisagem de uma cidade esquecida que agora se tenta aguarelar de prestigio.
Quem são os habitantes dessas coroas urbanas? Serão os trabalhadores que se pretendia que viessem em êxodo rural para satisfazer as necessidades de um sector industrial e tecnológico nascido das novas emergências?
Há ainda o esvaziamento de certas funções em áreas tradicionais da cidade, mas ai não vamos!
Enquanto há uns anos, antes da atuação sábia da nova Edilidade Camarária presidida por Costa, os centros se esvaziaram ou "terciarizaram", uma nova cidade híbrida e indiferenciada emergiu nos seus limites, estruturada pelas redes de circulação e de transportes. Uma rede fora da escala humana e daí a nossa grande dificuldade em desenhar um percurso periférico e seguro para a bicicleta.
Então...
DESAFIO:
O desafio é descobrir vazios e emergências, tropeçar em composições espaciais e quase cair em guetos, para descobrir também que Lx afinal é pequena, quase que a abraçamos.
Perceber a organização urbana, a estruturação formal e informal e o desenrolar dos diversos palcos e dos vários estratos da composição geográfica e humana.
Não penetrando ou convivendo mas "razando" e respirando a superfície onde convive um vasto leque de relações e de atividades, onde os "entornos" espaçais são palco.
Será que desta viagem podemos tirar conclusões?
Será que vamos perceber as razões do autismo de quem diariamente a atravessa sempre pelo mesmo percurso, sempre com um tempo semelhante, e SEMPRE com características análogas?
O elevado grau de liberdade na cidade, em conjunto com todos os elementos que a compõem, para alem das diferentes escalas do espaço morfológico e social, criam padrões de vida e de sociedade que escapam à teses e à programação sistematizada do urbanista e demais eruditas.
A cidade e a vida na cidade sabemos que criam projeções simbólicas associadas a ícones que exprimem e definem a nossa historia pessoal e coletiva.
Queremos uma cidade lúcida, determinada e com memorias, não será?
RESUMINDO:
É um passeio de bicicleta longo mas quase plano.
Durante a manhã e parte da tarde, com almoço depois do meio no “Parreirinha de Carnide”.Neste percurso procura-se a descoberta das periferias e dos limites geográficos de Lisboa.
Lisboa é muito vasta mas finita.
Iremos encontrar a "DesUrbanização dos Propugnadores das auto-estradas / Rachar-Cidades", mas isso é só numa pequena extensão cerca Portas de Benfica... Depois é descer suavemente ao Tejo por locais secretos e seguros... (não revelamos o segredo!)
E desfrutar toda a eloquência da cidade até ao Terreiro do Paço como todos os ciclistas de fim de semana prezam fazer... E bem... eh! eh!
Fica assim concluída uma circunvalação por imagens do LIMITE da cidade que desconfiamos nunca imaginou!
DATA DO PASSEIO ? ( a combinar)
Eliseu33
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